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Planilha Básica para Investimento em Ações

Para um melhor desempenho do investidor em ações na Bolsa de Valores é primordial saber se está ganhando ou perdendo dinheiro e, para is...

sábado, 19 de março de 2016

Eu Sou Contra a Corrupção







"Todo mundo é contra a corrupção, inclusive quem é corrupto". 

Vários artistas, incluindo a atriz Letícia Sabatella, o cantor Chico César, o humorista Gregorio Duvivier e a cartunista Laerte, divulgaram, na noite de quarta-feira (9) um vídeo pedindo a manutenção da democracia no país.
"Na história do Brasil, o combate à corrupção já foi usado como justificativa para muitos abusos".
Laerte, em sua fala, pede "uma reforma política de verdade, que acabe com a dominação dos grandes grupos econômicos".
Divulgado pela TV Poeira, o vídeo termina com um chamado para que a população tome as ruas em defesa da democracia no Brasil.


segunda-feira, 14 de março de 2016

Luiz Barsi: Por Que o Melhor Negócio no Brasil é Investir em Ações?

Transcrevo a  segunda parte da entrevista de Luiz Barsi Filho do “Programa TV Economista” em que ele explica que investir em ações no Brasil é o melhor negócio.

Entrevistador: Vamos dar uma noção para o nosso telespectador de que cuidados ele deve ter, que te deve possuir, quando ele deve entrar na bolsa, se é que há momento para isso. Enfim, o quê que podemos dizer para este telespectador que não tem muitas ideias sobre o mecanismo da Bolsa de Valores.
Luiz Barsi: O segmento acionário, realmente, causa uma certa apreensão ao cidadão. Lamentavelmente, aqui no Brasil, nós não temos a cultura de investimento e essa cultura direcionada para as aplicações em renda oscilante ou de renda variável.  Em outros países, como os Estados Unidos, por exemplo, o universo de aplicadores em mercado de valores, no segmento acionário é muito grande porque esses aplicadores não dispõem dos mesmos elementos para poderem direcionar seus recursos. Por exemplo, não existe caderneta de poupança. Então, a cultura que esses povos vêm administrando é a cultura da participação, de investir na criação, na geração de riquezas, na movimentação dessa riqueza e através do mercado de valores através, da Bolsa de Valores você tem a possibilidade de aplicar em ações.  
Sistematicamente eu tenho dito por muitas vezes que é operar no mercado de valores é simples, não é tão monstruoso, não é um bicho de sete cabeças como se colocam. Aplicação de recurso no mercado deve ser sempre direcionada objetivando-se o investimento e a busca deve ser sempre pela formação de uma renda mensal que possa te proporcionar uma vida sossegada, uma vida boa.
De que forma alcançar isso? Através de se montar uma estrutura previdenciária. O que que seria uma estrutura previdenciários? Nós temos o sentimento de que grandes fundos de previdência quebraram no passado, nós, também, o sentimento de que o cidadão que se apresentava há 30 anos podia aposentar executivo e hoje ele aposenta como um indigente. Então a gente tem a noção certa de que a aposentadoria compulsória não é suficiente para poder proporcionar uma vida digna cidadão. Então, qual seria a alternativa dele? A alternativas seria ele procurar uma alternativa através da participação nesta estrutura de circulação e criação de riqueza, isso seria então ser sócio de empresa.
Eu tenho tentado mostrar que nós não temos que cultuar a filosofia de que nós vamos aplicar na bolsa, eu tenho procurado demonstrar que nós temos que gerar o sentimento de que nós temos que ser sócio de empresas principalmente de empresas que possam gerar recursos e valor às suas atividades. Com isso o indivíduo estaria sempre atento a produção de receber dividendos que a empresa distribuiria. Temos aqui no Brasil, por exemplo, empresas que seguidamente, anualmente distribui dividendos cujo percentual em relação ao preço que você pagou, a isso nós chamamos de yield, é superior a 15%, 16%.
Então, o cidadão que compra uma caderneta de poupança, que aplica na fazenda de poupança, com toda sinceridade, no meu modo de entender, ele tem aplicação não numa renda fixa e sim, numa perda fixa porque a inflação é muito superior a aquilo que caderneta de poupança proporciona.
Então, não há elasticidade e aplicando numa ação você tem até a possibilidade de ganhar mais do que essas aplicações em fundos e outras mais, como uma poupança, ao mesmo tempo que você tem a possibilidade de uma valorização da ação valorização da ação caso a empresa se desenvolva, casa empresa tenha mais resultados.
Essa participação que eu proponho sempre é uma participação programada. Eu, há muitos anos, administro carteira de previdência e a carteira de previdência é uma carteira que objetiva exclusivamente os resultados vindos dos dividendos e dos juros sobre capital próprio. Como? Boa parte desses das empresas aqui no Brasil, ainda hoje, tem o seu valor de patrimônio quase que igual ao valor de cotação, então, comprar ações não se corre risco nenhum.
 Por exemplo, uma ação da Eletrobras vale, só para se ter uma ideia, 12% do seu patrimônio, então, não tenho risco em comprar isso aí, e, mesmo que haja intervenção não como cair mais. E outra coisa, também, você tem a garantia de distribuição de um dividendo porque a Eletrobras, no seu estatuto, contém uma cláusula que prevê o pagamento dividendos mínimos, prioritários e obrigatórios. Então, é 6% sobre o valor do capital que representa o dividendo de R$ 1,63. Se você pagar por uma ação R$ 8,00, R$ 1,63 dá 18% de retorno.

Então acho que renda variável ainda tem uma conotação bastante significativa na formação da cultura do indivíduo e é muito importante que ele atente para isso.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Eu acuso: nem todos os crimes de Lula foram denunciados por Conserino

Nunca fui de seguir manadas e, por isso mesmo, me pergunto por que tanta fúria contra o ex-presidente Lula?

Diante disso e para meditar, publico o texto de Fábio de Oliveira Ribeiro sintetiza o momento vivido pelo presidente mais popular do Brasil.


Eu acuso: nem todos os crimes de Lula foram denunciados por Conserino
Por Fábio de Oliveira Ribeiro
Lula só pode ser um criminoso. Ele nasceu pobre e não teve uma educação formal sofisticada. Mesmo não preenchendo os requisitos tradicionais familiares, econômicos, educacionais e sociais para ser um líder Lula conseguiu se elevar de operário a sindicalista e de sindicalista a fundador e principal líder de um partido político. Ele foi eleito deputado federal constituinte e, algumas décadas depois, se tornou o primeiro ex-operário a ocupar a presidência da república.
O crime de Lula é evidente. Contra todas as expectativas ele fez aquilo que a maioria dos advogados, promotores e juízes não conseguiram e não conseguirão fazer: Lula saiu do anonimato para se transformar num símbolo nacional e internacional da luta por justiça social e da erradicação da fome.
A fome de justiça de Lula é um crime extremamente grave. Se tivesse ficado de cabeça baixa, ele não despertaria o ódio dos juízes frustrados que julgam processos e não conseguem ser amados pelos cidadãos. Se não tivesse chegado onde chegou, Lula certamente teria evitado a inveja dos promotores que se julgam mal remunerados quando comparam seus salários aos rendimentos de um ex-presidente regiamente pago para dar palestras.
Lula é sem dúvida alguma um homem extremamente periculoso. Ele se transformou no exemplo bem sucedido que não pode ser imitado pelos seus iguais. Ele é o operário que merece ser humilhado dentro da fábrica e espancado na rua quando entra em greve. Ele é o índio que não foi posto em fuga pelo dono do arcabuz que deseja cercar a terra. O negro que se desviou do chicote e se recusou a chicotear os outros negros. O colono pobre que rejeitou a vida vil de agregado submisso. Ele, o paradigma inexistente na história brasileira.
A prisão de Lula é indispensável. Ele que ousou conhecer o mundo e ser respeitado fora do Brasil. Ele que não hesitou em defender o país quando deveria fazer isto. Ele que rebaixa à condição de “vira-latas complexados” todos os altivos varões da pátria que tiram sem qualquer resistência os sapatos a pedido dos policiais nos aeroportos norte-americanos.
Como não punir um homem que deixou de agir como FHC? Se Lula não investigasse ninguém e garantisse o bem estar dos corruptos da situação e da oposição tudo seria diferente. Ele terminaria seu mandato com um apartamento em Paris sob os aplausos da grande imprensa. Ninguém perguntaria de onde veio o dinheiro que garantiu a compra de um luxuoso imóvel na Av. Foch.
Como não amordaçar, encarcerar, torturar, matar e esquartejar um político que se recusou a agir como José Serra, Geraldo Alckmin e Aloysio Nunes agiram em São Paulo? Se fosse um dos honrados larápios que chefiaram a quadrilha que desviou mais de 1 bilhão de reais do Metro e da CPTM a vida de Lula seria tranquila. Ele teria usado Tribunal de Contas, MP, Justiça e maioria parlamentar para se proteger e não seria investigado exatamente como os referidos tucanos não foram e não serão.
Sim, Lula é o criminoso irredutível e imperdoável. Ele, que ousa se misturar com um povo que, por causa dele, já não fede mais do que os cavalos do Figueiredo. Ele, que não tratou a “questão social” como “caso de polícia” à moda de Washington Luís e dos dois últimos governadores tucanos de São Paulo. Ele, que nunca mandou a polícia bater em professores como Nero Richa.
Maldito Lula. Ele é amado pelo povo brasileiro e se recusa a maltratá-lo. Maldito Lula. Ele não pode ser derrotado nas urnas. Deve ser preso, pois não pode ser deportado. Maldito Lula. Ele prefere ficar no Brasil a ser Secretário Geral da ONU. Duas vezes maldito seja Lula caso se torne Secretário Geral da ONU, cargo com o qual nenhum político, juiz ou promotor do PSDB jamais sonhou ou poderá sonhar.
Maldito seja Lula porque ele não fracassou como muitos de seus inimigos. Maldito seja aquele que não fracassou como a maioria de nós e que, mesmo assim, não nos tratou como fracassados. Confesso humildemente ao leitor que estou entre bem sucedidos casos de fracasso muito embora não seja inimigo de ninguém, exceto dos inimigos da democracia.
A humanidade de Lula é odiosa, criminosa, ofensiva e insuportável. Ele não deveria ter nascido e nasceu. Não deveria ter vingado e vingou. Não deveria ter sucesso e teve. Lula não deveria resistir aos abusos e resiste. Mas ele não resiste com violência. Eis o verdadeiro crime de Lula: uma civilidade imensa que faz parecer sórdido tudo que no Brasil os "donos do poder" consideram elevado.
Lula rebaixa a elite brasileira porque não se ajoelha diante de ninguém. E, para maior desespero dos “donos do poder”, ele se eleva duas vezes mais que qualquer outro político porque nunca se colocou acima do povo brasileiro. Como ele não há igual. Lula é tão diferente que se recusou a vingar sua infância pobre usando a presidência para empobrecer a população. Maldito ser sem recalques. Lula nem mesmo devorou o orçamento da União recebendo salários, gratificações, prêmios e abonos absurdos como os juízes e promotores costumam fazer enquanto reclamam ganhar pouco (muito embora sejam regiamente pagos, mais bem pagos do que o próprio presidente da república).
Os crimes do Lula não denunciados pelo promotor paulista foram quase todos enumerados. Mas há um último delito que merece ser mencionado. Lula dos brasileiros, segundo os padrões tradicionais do Brasil, não pode nem mesmo ser considerado humano. É de se suspeitar que Lula tenha vindo do terrível planeta Xar*. Este famigerado e perigoso alienígena petista deve, portanto, ser colocado a ferros. Desgraçadamente, porém, Lula não pode ser despedaçado na boca do canhão já que modernizou as Forças Armadas brasileiras.


Luiz Barsi: Os Problemas do Mercado de Capitais no Brasil

Transcrevo mais uma excelente entrevista de Luiz Barsi Filho do “Programa TV Economista” em que ele faz uma explanação dos problemas do mercado de capitais no Brasil.
Luiz Barsi, um dos mais respeitados aplicadores em Bolsa de Valores do Brasil.
O mercado de capitais no país é de extrema importância, numa economia de mercado, as bolsas de valores e o segmento acionário são concebidos com a finalidade de promover a capitalização das empresas e essa capitalização, evidentemente, acaba redundando no crescimento das empresas, em evolução tecnológica, enfim, é importante.
Dentro desta importância existem fatores que se seguem, por exemplo, aqui no país lamentavelmente, nós somos considerados um país que tem uma bolsa rica e o mercado pobre. Por que? porque quem regulamenta o mercado é a bolsa, então a bolsa produz autorregulação do mercado, e essa autorregulação não tem produzido os efeitos esperados pelo mercado, tanto é fato que boa parte dos lançamentos que normalmente se seguiriam a outros que já aconteceram em época de maior e melhor brilhantismo, eles estão estagnados. Antes de 2008 nós tivemos um lançamento de muitas empresas, especialmente empresas da área de construção civil.
Após isso, quando tivemos aquele episódio do Subprime nos Estados Unidos que acabou sendo uma crise sistêmica e abalou todos os mercados, inclusive o mercado brasileiro, a produção de capitais acabou sendo interrompida porque todos os fatores econômicos conduziram a crise a uma pressão de venda das ações com o recuo, com a queda das cotações. Então as possibilidades de novos aportes nas empresas ficaram prejudicados porque as cotações caíram e as empresas não reuniam condições de lançar as ações nos preços que estavam baixos.   
Seguiu-se a isso um período melhor adaptação, de melhor desenvolvimento, de algum crescimento, até, e devido ao desenvolvimento de algum crescimento até e após 2008 o mercado experimentou uma ligeira recuperação, entretanto, não foi suficiente para produzir novas aberturas de capitais. Recentemente tivemos a abertura de capital que, na verdade foi a criação de mais uma estatal, foi a BB Seguridade, foi um segmento que se tirou do Banco do Brasil e se individualizou, que é o setor de seguros, criando-se a BB Seguridade. Mas, fora isso, inclusive, não só através dos novos lançamentos que ficaram prejudicados, como também as subscrições. Tivemos inúmeros empresas que ensaiaram subscrições para poderem ampliar suas atividades e essas subscrições tiveram que ser canceladas. A Suzano é uma delas.
A Suzano alicerçou um projeto de desenvolvimento bem audacioso e ia necessitar de recursos, mas infelizmente nós tivemos alguns fatores econômicos, como a valorização do dólar e a desvalorização do real e isso aí acabou prejudicando as empresas que possuem dívidas e financiamentos em dólar. Com isso, o mercado acabou um pouco mais arredio e o capital estrangeiro também se acabou retirando recurso daqui porque com a intervenção que o governo acabou produzindo, especialmente no setor de energia elétrica, grande parte ou boa parte das empresas desse setor, fora a Eletrobras e a CESP. Elas são empresas cujo os controladores de Capital estrangeiro, então, isso aí abalou o sentimento, aquela credibilidade que normalmente nós deveríamos produzir para que novos capitais fossem atraídos.
Agora nós estamos atravessando uma nova fase, uma fase em que o governo pretendeu diminuir o custo de energia. Entretanto, essa diminuição do custo da energia que acabou se refletindo ou está se refletindo no consumidor de energia, ele vai ter reflexo na população como um todo porque o Decreto acabou penalizando as empresas, mas as empresas têm que receber suas indenizações e essas indenizações remontam aí a quase 14, 15 bilhões de reais. Lamentavelmente, o governo vai ter que arcar com isso.
Então, o custo dessa intervenção, teve um reflexo muito negativo porque ao frigir dos olhos o governo não acabou diminuindo o custo da energia porque ele foi obrigado a acionar a energia produzida por termicidade - que são as usinas térmicas - e o custo de produção das energias térmicas é extremamente mais caro.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Capital Externo na Bovespa, o Negócio é Seguir o Fluxo

Fluxo de Capital Externo na Bovespa.





Acredito que não dúvida de que o que move o Ibovespa é o Capital Externo na Bolsa (CEB).


Observe que este ano de 2016 o fluxo de CEB começou positivo com entrada de R$ 122,8 milhões em 4 de janeiro, quando o Ibovespa marcava 42.141 pontos.


Logo em seguida, o fluxo se inverteu para o que parecia uma fuga de capitais com a perda do grau de investimentos pelo Brasil e em 18 de janeiro o saldo já era negativo em R$ 1,518 bilhão e o Ibovespa chegava ao menor índice desde 2008, marcando 37.937 pontos.


Na segunda quinzena de janeiro o fluxo de CEB começou a se inverter, mas ainda negativo em R$ 167,33 milhões e o Ibovespa, no mesmo caminho, já marcava 40.405 pontos.


Na segunda quinzena de fevereiro, mesmo com todos os problemas enfrentados pelo Brasil nos últimos meses, o saldo se inverteu e voltou a ficar positivo em R$ 1,79 bilhão e o inesperado aconteceu com a virada do Ibovespa que já marcava 43.234 pontos, em um claro sinal de recuperação.


Por fim, no último dia 4 de março de 2016, entraram impressionantes R$ 2,12 bilhões e Ibovespa atingiu 49.087 pontos.


Os do fluxo de CEB são disponibilizados com três dias de atraso, mas considerando que que Ibovespa segue seu curso ascendente, ainda que com menor força nos últimos três pregões, não seria difícil imaginar que o fluxo de capital externo na Bovespa ainda não deu sinal de de partida da bolsa brasileira, mas, penso, isso é questão tempo.


Portanto, o negócio agora é seguir o fluxo de Capital Externo na Bovespa que no dia 4 de janeiro de 2016 estava positivo em R$ 58,289 bilhões.

Acompanhe no fluxo de capitais na bolsa brasileira pelo excelente Dados da Bolsa

terça-feira, 8 de março de 2016

Luiz Barsi, um Fora de Série

Um dos maiores investidores da Bovespa, Luiz Barsi Filho, neste vídeo depoimento publicado no programa “Foras de Série”, explica a importância do investimento a longo prazo em ações e como e porque se deve formar uma carteira previdenciária de longo prazo.
Paulistano, do bairro do Brás, Barsi tem a simplicidade e a disciplina como seus pilares para o sucesso.
Logo que começou a sobrar dinheiro, ainda jovem, passou a investir na Bolsa de Valores com a intenção de construir a sua própria previdência, com as ações de empresas sólidas e boas pagadoras de dividendos.
Deu muito certo!! Tanto que, meio século depois, ele é um dos maiores investidores do Brasil e principal acionista de pessoa física e de “gigantes” como Banco do Brasil, Klabin, Ultrapar e Eternit.
Hoje, além de estudar o mercado e gerir sua própria carteira de ações, Barsi ajuda outras pessoas a comprarem ações com a mesma fórmula que o transformou em um dos mitos do Mercado de Capitais.

Por isso ele é um... Fora de Série.


Eu sou uma pessoa que aprendi que investimento é um fator preponderante quando você direciona seus recursos. Lamentavelmente, neste país nós tivemos uma fase em que as autoridades tentaram e, de alguma foram, conseguiram cristalizar a mente do indivíduo, o aplicador - principalmente em relação à poupança - estimulando e induzindo, na realidade, em última análise, a praticar agiotagem, porque você emprestar dinheiro seja para o banco, seja aplicando na poupança você está praticando agiotagem e eu, desde a minha formação, sempre interpretei que é muito importante você participar do desenvolvimento da riqueza, da criação, da geração de riqueza e o que é que acontece? Para você poder participar desta filosofia é muito importante que você se integre no contexto que provoca o investimento nesse segmento.
Então esse segmento seria o que? Seria o investimento na empresa, em projetos... Só que você simplesmente não pode, em um país como o nosso e nos Estados Unidos também, investir no projeto pura e simplesmente. Você tem que se associar a esse projeto através do que?  Através da compra de ações, onde você tem a possibilidade de gradualmente se associar a esse projeto.
Eu, quando iniciei a minha participação no mercado, acreditava sincera e honestamente, que o segmento de ações lhe proporcionava a possibilidade comprar uma pequena ação ou uma ação por um preço barato porque aqui no país, lamentavelmente, eu não sei se lamentavelmente ou brilhantemente, as ações, as empresas não conseguem sensibilizar o aplicador, o investidor a ser um investidor. Até agora, por força de ingerência da bolsa, que estimula o indivíduo a especular. O que que o indivíduo faz? Ele quer o lucro rápido, ele quer o retorno do seu capital, que antes era em horas, agora é em segundos.  
Então, eu acho que o investimento ainda é o procedimento correto e, se você analisar bem, a forma em que você tem de participar de projetos nobres. O cidadão olha sempre de uma maneira procurando exercitar a condição de dono. Então, para vocês exercitar a condição do dono, evidentemente, você não pode participar de grandes projetos. Por exemplo, eu não tenho condições de montar uma empresa como a Petrobras, nem como Eletrobrás, nem como a Klabin e nem como a Suzano. Então o que que eu faço? Eu me associo em pequena escala e essa pequena escala que você vai devolvendo gradualmente, você, às vezes, acaba por conquistar uma parcela de participação que não é só uma definição do mercado de proporcionar a possibilidade de comprar uma ação barata. Às vezes você acaba comprando uma participação, embora pequena, barata.
A minha entrada no mercado de Mercado de Ações foi uma escolha, não foi por acaso, nem por acidente, foi pela opção mesmo. Eu sou economista e, na época, estudava direito e eu era, inclusive, um dos contratados para fazer a reforma administrativa da Prefeitura. Depois, fui contratado também pelo Dr. Roberto Stament [?] que, inclusive, é membro do conselho. Na época ele era diretor de uma autarquia chamada SAEC. A SAEC era Superintendência de Águas e Esgotos da Capital. E nós havíamos sido contratados, 5 ou 6 economistas, justamente para tentar compor o custo da água em São Paulo, uma coisa absolutamente impossível, que a gente acabou concluindo, porque não havia como você dar início a uma operação que pudesse concluir sobre um custo homogêneo, um custo justo. E, na ocasião, que era, se não me falha a memória, era o presidente do São Paulo, Laudo Natel, era o governador, havia um interesse, porque naquela ocasião, o cidadão pagava a água uma vez a cada seis meses, a conta de água vinha uma vez a cada seis meses. Então havia necessidade de se tentar aumentar a receita da SAEC, naquela ocasião. Então, a fórmula que nós encontramos foi o seguinte, sem aumentar o valor, nós fomos diminuindo o intervalo. Então, o que aconteceu? Em vez do cidadão pagar semestralmente, ele passou a pagar trimestralmente, depois veio bimestralmente e depois mensalmente, quer dizer, foi uma forma de aumentar 300 400% sem aumentar a parcela.
Então, não ocasião, eu senti que o meu perfil não era um perfil de estar atento, de estar submisso a uma estrutura como a estrutura do Estado. Você não tinha oportunidade, você não tinha a possibilidade de crescer com seu desempenho, com a sua capacidade e fui, então, para o mercado de valores. Na época, o mercado de valores era super insipiente, e a gente começou a fazer algumas análises, fazer movimentos até que em 1967 veio a regulamentação do Conselho Monetário Nacional. Com isso, criaram-se as sociedades corretoras, criou-se a bolsa de valores e a gente acabou, em sociedade com outros parceiros, comprando uma corretora de valores, comprando um título, na verdade, mas com esse título nós ficamos muito pouco tempo com ele porque o mercado sofreu uma evolução acima do desejado e acima do esperado também e nós acabamos negociando o título por um valor astronômico e foi uma das grandes coisas que a gente conseguiu fazer.
Em seguida, o mercado começou a entrar numa realidade, os recursos que eram disponíveis por conta do Decreto Lei nº 157/67 começaram a escassear, houve o ingresso de um volume de papéis muito grande.  Então, havia uma distorção, havia um desequilíbrio. De repente, o mercado recebeu um volume de recursos muito grande e quantidade de papeis era pequena e, então, os preços foram evoluindo de uma forma tal que acabou chegando até o momento de desespero para muitos. E, aí, o mercado, depois, passou por uma fase de ajuste de junho/julho de 71, 72 e 73. Em 74 e 75 começou equilibrar e eu venho participando desde então.
Quando operava no mercado, no início, eu não tinha, ainda, estabelecido essa essência de tentar se criar uma carteira de previdência. Essa iniciativa, essa vontade, essa necessidade até, eu diria, surgiu porque a gente fez uma série de análises e essas análises convergiam para o seguinte, o cidadão brasileiro, lamentavelmente, há 30, 40 anos ele se aposentava como um executivo e acabava virando indigente. Hoje ele já se aposenta direto como um indigente.
Então, a gente foi cultuando a ideia de que havia necessidade de você formatar um posicionamento previdenciário que fosse mais generoso que aquele que o Estado pudesse, eventualmente, te oferecer. O que eu fiz, deu certo. Eu comecei fazendo com poucos recursos. Agora, eu faço a mesma coisa com volume muito maior de recursos. Então, o efeito multiplicador, ele tem uma forma de se multiplicar muito mais intensa do que antigamente, essa que é a realidade. Então, eu continuo fazendo a mesma coisa, eu continuo cultuando a compra como um investimento. 
Não vou falar que eu só ganhei, teve momentos em que tive ações de empresas que, por teimosia de não vender, apesar de ter boatos, informações…, eu acabei me prejudicando e perdendo o posicionamento em ações que tinha naquelas empresas. Então, por exemplo, eu tinha 10% de um banco chamado de Banco do Progresso, eu tive ações do Banco Nacional, que também sofreu intervenção do Banco Central, tive ações do Banco Econômico, mas, foram perdas suportáveis exatamente pelo fato de você não ter colocado todos os ovos na mesma cesta. Então, houve uma perda, mas foi uma pena suportável. E, o que aconteceu? Aquela pedra acabou sendo assim suplantada exatamente pela convicção que a gente tinha de continuar desenvolvendo mesmo projeto que a gente desenvolveu no início da nossa atividade.

sábado, 5 de março de 2016

Luiz Barsi: Comprar, Guardar e Reinvestir

Publico aqui mais uma aula do mestre Luiz Barsi, Trata-se de uma entrevista concedida ao portal InfoMoney que, infelizmente, pare que não está completa, mas vemos é uma riqueza de informações de como ele se tornou um dos maiores investidores da Bovespa.




Do que eu consigo com o meu poder aquisitivo ou o que o meu poder aquisitivo consegue adquirir, eu faço uma comparação no final do ano. Eu percebo que a diferença que eu tenho como perda é uma diferença de mais de 20,00 25,00%. Essa é a verdadeira inflação, que é sonegada de nós, que é colocada diante de um cristal que não é verdadeira, ta certo? Eu costumo dizer assim, que o cidadão que deposita os seus recursos naquilo que a gente interpreta como renda fixa, se ele deposita o seu recurso na poupança ou então em uma aplicação qualquer, CDI, LCA, LCI e ele recebe 8,00% no final do ano e seu poder de compra se deteriorou em mais de 20% então, com todo o respeito, você não aplicou na renda fixa, você aplicou numa perda fixa, ta certo? Essa é que a realidade.
Então , o que  que acontece, as ações através dessa avaliação, dessa análise , vocês têm a possibilidade de participar somente com a percepção dos dividendos de percentuais muito superiores à aqueles que a renda fixa proporciona. Nós tivemos, por exemplo, só para os senhores terem uma noção verdadeira, as ações do Banco do Brasil no ano de 2013 distribuíram R$ 2,31 entre dividendos e juros.  Elas custavam R$ 20,00, R$ 21,00, então, R$ 2,31 significa dizer o que, mais de 10%, mais de 10%. Só que, quando você compra uma renda fixa, você comprou aquela renda fixa e morreu lá.  Quando você compra uma ação, suponha que você tenha comprado a ação do Banco do Brasil a R$ 20,00, sabe quanto custa uma ação hoje? R$ 37,00. No dia, se a memória ainda não me trair, 18 de março deste ano [de 2014] as ações do Banco do Brasil custavam R$ 18,60, elas simplesmente dobrou de preço. Então, houve o que? Houve um resultado de 100%. Então, as ações alimentam essa expectativa, a expectativa de você ter o que? Uma renda praticamente garantida, renda essa vinda do que? De uma receita vinda de dividendos e de juros sobre capital próprio e uma perspectiva de uma valorização de mercado que pode acontecer circunstancialmente independente de fatores econômicos.
Então, o que eu tento desenvolver, o que eu tento mostrar é que ninguém deve ter medo de comprar uma ação. Se ele o fizer, com a finalidade de investir, não com a finalidade de especular. Todo cidadão que entrar no mercado com essa visão especulativa, ele nunca vai conseguir ganhar dinheiro, ele pode eventualmente numa operação ser bem sucedido, mas na sucessão ele vai ser sempre um perdedor. A única  maneira que eu consegui descobrir, utilizando a experiência própria, é exatamente essa: comprar, guardar e reinvestir.
Então, é isso aí que eu gostaria de dizer para todos. Vamos lá, vamos ver as perguntas aí.
Boa noite! Eu gostaria de perguntar ao Sr. Luiz Barsi como é então que ele faz a seleção dos papéis para compor essa carteira previdenciária. Uma vez que o senhor falou que não é baseado no Dividend Yield (DY), mas também, la no início, como é que o senhor separa?  Por que que o Banco do Brasil é bom? Por que Eternit é Bom? Pelo pagamento de dividendos somente ou tem alguma outra…
Luiz Barsi: Não, absolutamente, você tem um contexto todo a ser avaliado, não é isso?  Cada vez que você elege uma ação, você tem um cem números de fundamentos para  serrem observados. Eu estou citando ações de empresas que agente já formalizou todos esses fundamentos.
Cada empresa tem uma característica. Cada empresa participa de um cenário global de uma forma. Cada empresa tem uma forma de ser e essa é a análise que você deve desenvolver. Eu diria o seguinte,  eleger as empresas é produto de análises, é produto de pesquisas, é produto de avaliação . Então, você tem o que? Você tem  empresas que oferece a perspectiva de um bom dividendo. Então, uma das coisa que você pode dar início a análise é pela relação preço patrimônio (P/VPA) que é o que determina o nível de risco, você pode analisar em relação  ao Yield (DY). O Yield é uma coisa que se altera na razão direta de dois fatores, primeiro, da cotação, segundo, da distribuição dos resultados. Então, isso  é um acompanhamento que precisa ser feito e esse acompanhamento, evidentemente, nem todos, porque as pessoas trabalham tem seus afazeres, então a pessoa tem que confiar essa busca ao um profissional  que tenha competência para poder orientá-lo. Da mesma maneira que você  tem uma dor de barriga e vai ao médico e ele ter dar uma receita, você não vai estudar medicina para discutir com o médico o remédio que ele lhe deu. A mesma coisa é o profissional do mercado, ele vai falar para você, olha o momento é esse para você formar uma carteira de previdência porque a empresa vai lhe dar um dividendo que possa, evidentemente, competir com as demais opções do mercado e você vai acatar evidentemente.
Eu sempre mantive 50% em renda fixa, com baixa automática, com liquidez diária para aproveitar as oportunidades. E eu aproveitei a crise de 2008 e acabei comprando e migrando esse 50% para 90% em ações e 10% continuei em renda fixa esperando algumas oportunidades. Pelo que o senhor prega,  em relação a 100% em ações e renda fixa 0%, mas, no momento dessa crise deve agir, por exemplo, alocado 100% em ação, você venderia as ações que caíram muito? Como você consegue fazer a realocação da carteira se não tem, teoricamente, nada em renda fixa para poder aproveitar as pechinchas? E, também, emendando, qual a carteira ideal que o senhor considera boa? Hoje eu tenho 33 ações, é um número bom? Baixo? Razoável?
Luiz Barsi: Respondendo a sua pergunta eu diria o seguinte: a minha renda fixa são as ações, eu tenho esta dinâmica, esta visão e eu faço o seguinte, nem sempre, ao receber dividendos proveniente de uma aplicação  eu tenho disponibilidade de comprar as ações, mas acontece que esse dinheiro também não é uma batata quente que eu tenho que comprar correndo. Eu costumo qualificar o seguinte, universalmente, o mercado de ações é considerado como o mercado de risco, se  nós avaliarmos os mercados internacionais mais desenvolvidos, mercados que tem um universo de aplicadores muito superiores ao daqui do Brasil. Os Estados Unidos, por exemplo, o universo de aplicadores é em torno de são 85% da população tem ações. Então se você for avaliar essa forma de ser, você concluiria o seguinte,  o cidadão quando compra um determinado pastel, quando ele entra num determinado projeto, ele avalia o seu risco. Nesses países desenvolvidos, o cidadão que vai comprar uma ação ele perpetua todos os fundamentos e, após avaliar esses fundamentos, ele acaba concluindo que se o valor patrimonial dela é um dólar ele vou pagar U$ 10 porque ela tem um potencial desenvolvimento, ela tem um potencial de resultado, ela tem um histórico de resultados, ela tem um histórico de distribuições. Então você dimensionou, você definiu um risco. Isso que os países desenvolvidos define o mercado como um mercado de risco. Acontece que no Brasil muitas ações, muitas ações cotadas abaixo do patrimônio, então eu acho que o riso começa a produzir os seus efeitos a partir do momento em que você comprou uma ação acima do patrimônio. Então o mercado, como o mercado brasileiro de ações que tem uma gama de papéis, de bons papéis, diga-se de passagem, cotados abaixo ou muito abaixo do seu valor de patrimônio eu não considero que seja o mercado de risco, eu considero que seja um mercado de oportunidades. Então, diante disso, no momento em que você recebe um dividendo, se você tiver uma boa oportunidade, aplique! Se você não tiver uma boa oportunidade, espere! Porque essa oportunidade virá com certeza.
Ele quer fazer a carteira previdenciária e lhe pergunta: Qual seria uma ação, qual seria essa ação e por quê?  
Bom, existem várias, de vez em quando eu faço umas análises, umas as projeções e o que a gente mais pesquisa em termos de avaliação é o passado, o que foi constante no passado é provável no futuro. Então, por exemplo, hoje eu diria para vocês, fecha o olho,vende a tia e compra Cemig. Por quê? Só para vocês terem uma ideia, porque já tem um apanhado, uma retrospectiva. A Cemig pagou em 2007 r$ 4,98 de dividendos, em 2008 R$ 1,74, em 2009 ela pagou R$ 1,90 de dividendos, em 2010 ela pagou R$ 2,82 por ação de dividendos,  em 2011 ela pagou R$ 2,99, em 2012, entre dividendos e juros, ela para ela pagou r$ 3,77, em 2013 ela pagou R$ 1,42, em em 2014, que ainda não terminou, r$ 1,24.

Agora, o que aconteceu com a Cemig? A Cemig é uma empresa que sempre foi, depois da era Aécio Neves, muito bem administrada. A Cemig passou por alguns problemas de digestão ao mesmo tempo que passou por alguns problemas de base acionária. O Governo do Estado de Minas Gerais sempre sacrificou a Cemig de alguma maneira e o Aécio Neves quando entrou terminou que houvesse um aumento um pagamento de dividendos para o Estado porque o Estado devia para Cemig. Então a forma que se encontrou para possibilitar que o Estado devolvesse esses recursos para Cemig e completar essa dívida foi pagando o dividendo maior e ao mesmo tempo ficar com ele em troca da dívida.     

sexta-feira, 4 de março de 2016

Luiz Barsi, um dos maiores investidores da Bovespa, torce pela crise

Sou um grande admirador do ser humano e grande investidor Luiz Barsi Filho. Seu estilo de vida, sua forma de investir e o seu jeito de como lida com as pessoas é um exemplo a ser seguido para que deseja sucesso na vida.
Cada entrevista e cada depoimento de Luiz Barsi é uma aula sobre independência financeira e prosperidade e lida e guardada da ler várias vezes depois.
Pensando nisso, este blog pretende publicar os principais depoimentos desse gênio dos investimentos a longo prazo.
Colo abaixa a entrevista concedida à jornalista Thais Folego do ao site O Financista.


SÃO PAULO – Um dos maiores investidores pessoa física da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), Luiz Barsi tem uma agenda simples. Todos os dias ele vai para o seu escritório, localizado no centro de São Paulo, onde fica das 10h às 14h. Nesse período, avalia se as cerca de 12 ações em que investe estão em um bom preço para comprar mais.  
Seu estilo de vida em nada lembra o de uma pessoa que fez fortuna aplicando em ações. Ele vai e volta do seu escritório de metrô e acha bom não ter que pagar nada, já que é um senhor de mais de 70 anos. “Eu não ando de metrô, eu passeio, porque se está lotado eu pego no sentido contrário para voltar sentado”, conta.
A estratégia para pegar lugar no transporte público é igual à de qualquer cidadão comum, mas quando o assunto é aposentadoria Barsi segue à risca, há mais de 40 anos, o seu programa de investimentos, que ele explica com a maior paciência, para quem perguntar.
“Criei minha própria renda mensal para a velhice, baseada em ações que pagambons dividendos”, afirma. Segundo ele, qualquer um pode fazer o mesmo: basta ter disciplina e paciência. Disciplina para todo mês aplicar um dinheiro na bolsa. E paciência para esperar o momento certo de comprar uma ação e esperar o seu retorno.

Na entrevista que concedeu a O Financista, Barsi conta em quais ações aplica, como escolhe as empresas para investir e por que prefere as ações do Banco do Brasil em vez de Itaú, a queridinha dos analistas de ações. Veja abaixo:

O Financista: Em 2013, o senhor disse que estava torcendo para a próxima crise chegar. Com o Ibovespa na faixa dos 30 mil pontos, chegou esse momento?
Luiz Barsi: Está chegando. É muito difícil você avaliar o fundo do poço de um processo. Eu torço para as crises, não para as catástrofes. Eu torço para os movimentos de bolsa que proporcionam boas oportunidades de compras de ações. Infelizmente o Estado não tem condições de proporcionar uma aposentadoria digna para a nossa velhice, então eu criei a minha própria renda mensal para a velhice, baseada em ações que pagam bons dividendos.
O Financista: O senhor aplica em outros tipos de ativos, além da bolsa?
Barsi: Eu não aplico na bolsa, eu aplico em projetos. A bolsa é um instrumento que me permite participar desses projetos. Nesse preço próximo de R$ 12, a ação do Banco do Brasil é um excelente projeto, por exemplo. O meu programa [de investimentos] é um programa que qualquer um consegue alcançar, basta ter disciplina e paciência. Levamos 35 anos para se aposentar pelo sistema compulsório, se você ficar 35 anos comprando ações você fica milionário. É inevitável.
O Financista: Foi assim que o senhor ficou milionário? Ou o senhor tem patrimônio de família?
Barsi: Eu venho de uma família pobre. Eu administrei meus egos para fixar metas e ir conquistando-as. A minha estratégia é a de comprar um dividendo que qualifico como “dividendo mais eficiente”. E hoje o dividendo mais inteligente é o do Banco do Brasil, porque o seu yield [retorno] é de cerca de 15%. A renda fixa te proporciona tão somente a possibilidade de competir com esse retorno, ela não te dá a chance de, se o mercado melhorar, você dobrar ou triplicar os seus recursos.
O Financista: Então o senhor não tem nada de título público?
Barsi: Não. Por ser economista, eu tenho o hábito de no início do ano sempre medir o meu poder de compra e comparar no fim do exercício. E esse poder de compra geralmente sofre uma desvalorização de aproximadamente 25% no final do exercício. Então se você aplica em uma renda fixa que vai te dar 10% ou 12% líquido, na realidade você não aplicou em uma renda fixa, mas sim em uma perda fixa. Para mim, não existe renda fixa no Brasil. Enquanto o governo ludibriar a população com índices de correção que lhe convém, a renda fixa é uma fantasia da qual o cidadão brasileiro se regozija.
O Financista: Dentro desse programa, como o senhor escolhe em quais ações investir?
Barsi: O meu programa contempla a postura de comprar tudo aquilo que é um bom projeto e seguir adiante nele. Para avaliar se o negócio é bom ou não, tem que examinar a perenidade da empresa, o histórico de resultados, o histórico de distribuições e também a necessidade de se promover essas distribuições.
Por exemplo, se você perguntar para um analista ele não vai te recomendar a ação do Santander. Mas o banco pagou dividendos extraordinários, porque ele não paga para mim, mas para a Ana Botín, que é a dona do banco. O Santander tem uma base acionária, com aproximadamente 78% das ações em sua própria mão. Então quando ele vai distribuir um resultado ele pensa nele primeiro. Por isso eu examino como é composta a base acionária da empresa.
Também olho a relação entre preço e patrimônio. Ele não é determinante, mas tem o seu peso. A ação Banco do Brasil, por exemplo, custava cerca de R$ 11 em 2008, com uma relação de 1,32 vez. Ou seja, a ação valia mais do que o patrimônio do banco. Hoje, cotada a R$ 13,50, essa relação é de 0,47 vez. Isso com um dividend yield [retorno com dividendo] na casa dos 15%. Ou seja, uma grande oportunidade de compra, ainda mais atrativa que em 2008, quando a ação custava menos.
O Financista: O senhor usa algum tipo de análise, como a técnica ou fundamentalista?
Barsi: Não. Para adquirir um projeto e nele acondicionar o seu futuro é preciso avaliar uma série de circunstâncias. Um dos fatores mais importantes é avaliar a atividade da empresa, se ela é perene. Por exemplo: empresas de aviação. Há um histórico de mais de mil falidas pelo mundo. Então é uma empresa pouco perene. Tem uma série de outras atividades que também não se sustentam. Já o Banco do Brasil tem mais de 200 anos, não vá pensar que é só uma empresa estatal. A Klabin tem mais de 120 anos, assim como a Suzano.
O Financista: Então TAM e Gol nem pensar?
Barsi: Não, porque toda empresa de aviação nasce para quebrar. Eu não sou um sábio, apenas sou uma pessoa que respeita as estatísticas. O mesmo acontece com as empresas de eletrodomésticos, que se pegarmos o histórico do setor vamos ver que uma quantidade muito grande delas não se sustentou. Ultimamente temos visto alguns exemplos de empresas que se não se unissem teriam sucumbido.
O Financista: Por que esses negócios não são perenes?
Barsi: Acho que faz parte de uma conjuntura. Por exemplo, a empresa de aviação não controla seus pousos e decolagens, porque quem controla é uma empresa estatal, assim como o preço do combustível. São uma série de eventos contrários.
O Financista: Quais são as ações que o senhor tem em portfólio atualmente?
Barsi: Meus projetos não mudaram muito. Tenho Banco do Brasil, Santander, Ultrapar, Eternit, que já foi um grande negócio, mas continuo firme no projeto, porque acho que um dia os conselheiros vão ter pena da empresa e vão fazer algo por ela. Tenho também ações da Klabin, Suzano, Taesa, Cemig e Unipar Carbocloro. É esse portfolio que ajuda a manter minha generosa aposentadoria.
O Financista: Sempre com base naquele programa de dividendos inteligentes?
Barsi: Sempre com o mesmo princípio. Por exemplo, se comprarmos 40 mil ações do Banco do Brasil, o que dá uns R$ 530 mil com uma cotação de R$ 13,30, teríamos cerca de R$ 81 mil em juros e dividendos anuais. Isso equivale a uma renda mensal de R$ 6 mil. Além da possibilidade de a ação subir, uma vez que o histórico de preços da ação é superior a R$ 18.
O Financista: Entre as ações de bancos, os analistas têm como preferida as do Itaú, enquanto o senhor prefere BB. O Itaú não se encaixa no seu projeto?
Barsi: O Itaú não se encaixa no meu projeto porque ele não proporciona o dividend yield suficiente. O Itaú paga juros sobre capital próprio de forma mensal. É um juro que considero um 'zero nada', porque dá mais ou menos R$ 1,20, enquanto o BB paga R$ 2 por ação e a ação custa menos, então o yield é maior. O Bradesco é a mesma coisa. Agora, porque os fundos talvez recomendam Itaú? Porque eles têm uma posição grande. As fundações de previdência também, porque elas têm uma necessidade de recursos atuariais e é por esse motivo que o banco paga um dividendo mensal. Por isso há uma preferência por esses papéis.
O Financista: Não tem blue chips na sua carteira, como Petrobras e Vale. Elas não são bons projetos?
Barsi: Eu não gosto de comprar papéis que estão sujeitos a commodities.
O Financista: Mas estatal não tem problema?
Barsi: Não, empresa estatal tem garantia de não quebrar. E melhor se ela tem outras garantias, como um estatuto blindado. No Banco do Brasil nunca vai acontecer o que aconteceu com a Petrobras, por exemplo, porque a Petrobras é a casa de Irene. O estatuto da Petrobras não é um estatuto blindado, lá você pode colocar quantas pessoas você quiser como funcionário e diretor. Enquanto que para entrar no BB você precisa ter um concurso e há uma fiscalização. Na Petrobras você vai nomeando.
O Financista: Como o senhor avalia no curto prazo se a sua estratégia de longo prazo está dando certo?
Barsi: É por isso que compro ações perenes, porque não vou ficar com elas seis meses, mas um período grande. E compro a ação em um momento em que ela está me produzindo um resultado excelente. Vamos supor que a ação do Banco do Brasil suba, que ela vá de R$ 12 para R$ 50, ela passa a não ser uma boa opção. O caminho é comprar um papel que esteja dentro do conceito de pagar o melhor dividendo. Então se hoje você puder comprar 1 milhão de ações do BB, compre.
E a visão de longo prazo que o investidor brasileiro ainda não aprendeu é que em ações você ganha em função da quantidade de ações possuídas e não em valor aplicado. Por exemplo: se você tiver uma ação e o dividendo dela for R$ 1 você vai ganhar R$ 1. Se tiver 1 milhão de ações vai ganhar R$ 1 milhão. Com isso, com uma quantidade de recursos seria sempre conveniente comprar o maior número de ações possível. Mas a ação tem que estar em um preço que possibilite isso.
Você tem que torcer diferente. Quando você compra uma ação e tem a visão de que ela tem que melhorar de preço para você ganhar na valorização dela, você precisa alimentar a expectativa de que essa ação tem que subir de preço. Quando você compra para um programa de aposentadoria e você quer comprar a maior quantidade possível de ações, você tem que torcer para que o preço caia para que os seus recursos comprem mais ações. Eu só compro ação quando cai, porque quando cai há a possibilidade de comprar mais ações com o mesmo recurso.
O que eu faço é imitar o maior caçador de passarinho do mundo, o jacaré. Ele fica lá com a boca aberta esperando o passarinho vir comer no dente dele. Eu faço isso, eu recebo o recurso e fico esperando o bom momento.
O Financista: Então aquele mantra de compre na baixa e venda na alta não funciona bem assim?
Barsi: Esse é o mantra que a bolsa deseja para as pessoas, porque ela ganha emolumentos. Nem eu que tenho 50 anos de mercado sei quando vai ser a baixa e quando vai ser a alta, então as pessoas perdem os movimentos de baixa e alta, na esperança que sempre vai cair mais ou pouco, ou subir mais um pouco.  Outra que coisa que acontece no Brasil são os futurólogos fantásticos do Banco do Brasil, Itaú, Credit Suisse e Morgan Stanley. Todos eles projetam preços fantasmagóricos. Isso acaba minando a vontade do indivíduo, porque o brasileiro costuma ser um comprador de imagem, não de perspectiva de resultado. Aí o analista diz que o papel vai subir, mas não explica por quê. O cidadão compra e perde dinheiro. Isso aconteceu com várias ações. Pergunta para mim se alguma vez eu comprei alguma ação do Eike Batista? Não.
O Financista: Quanto o seu portfólio rendeu no ano passado?
Barsi: Eu não fico medindo. Se tem uma coisa que você acaba exorcizando são as altas e baixas do mercado. O meu patrimônio às vezes cai R$ 200 milhões e às vezes sobe R$ 300 milhões. Mas como eu não vou vender, para mim o que vale é o que eu recebo de dividendos.
O Financista: E eles foram bons em 2015?
Barsi: Eles são bons nos últimos 25 anos.