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sábado, 5 de março de 2016

Luiz Barsi: Comprar, Guardar e Reinvestir

Publico aqui mais uma aula do mestre Luiz Barsi, Trata-se de uma entrevista concedida ao portal InfoMoney que, infelizmente, pare que não está completa, mas vemos é uma riqueza de informações de como ele se tornou um dos maiores investidores da Bovespa.




Do que eu consigo com o meu poder aquisitivo ou o que o meu poder aquisitivo consegue adquirir, eu faço uma comparação no final do ano. Eu percebo que a diferença que eu tenho como perda é uma diferença de mais de 20,00 25,00%. Essa é a verdadeira inflação, que é sonegada de nós, que é colocada diante de um cristal que não é verdadeira, ta certo? Eu costumo dizer assim, que o cidadão que deposita os seus recursos naquilo que a gente interpreta como renda fixa, se ele deposita o seu recurso na poupança ou então em uma aplicação qualquer, CDI, LCA, LCI e ele recebe 8,00% no final do ano e seu poder de compra se deteriorou em mais de 20% então, com todo o respeito, você não aplicou na renda fixa, você aplicou numa perda fixa, ta certo? Essa é que a realidade.
Então , o que  que acontece, as ações através dessa avaliação, dessa análise , vocês têm a possibilidade de participar somente com a percepção dos dividendos de percentuais muito superiores à aqueles que a renda fixa proporciona. Nós tivemos, por exemplo, só para os senhores terem uma noção verdadeira, as ações do Banco do Brasil no ano de 2013 distribuíram R$ 2,31 entre dividendos e juros.  Elas custavam R$ 20,00, R$ 21,00, então, R$ 2,31 significa dizer o que, mais de 10%, mais de 10%. Só que, quando você compra uma renda fixa, você comprou aquela renda fixa e morreu lá.  Quando você compra uma ação, suponha que você tenha comprado a ação do Banco do Brasil a R$ 20,00, sabe quanto custa uma ação hoje? R$ 37,00. No dia, se a memória ainda não me trair, 18 de março deste ano [de 2014] as ações do Banco do Brasil custavam R$ 18,60, elas simplesmente dobrou de preço. Então, houve o que? Houve um resultado de 100%. Então, as ações alimentam essa expectativa, a expectativa de você ter o que? Uma renda praticamente garantida, renda essa vinda do que? De uma receita vinda de dividendos e de juros sobre capital próprio e uma perspectiva de uma valorização de mercado que pode acontecer circunstancialmente independente de fatores econômicos.
Então, o que eu tento desenvolver, o que eu tento mostrar é que ninguém deve ter medo de comprar uma ação. Se ele o fizer, com a finalidade de investir, não com a finalidade de especular. Todo cidadão que entrar no mercado com essa visão especulativa, ele nunca vai conseguir ganhar dinheiro, ele pode eventualmente numa operação ser bem sucedido, mas na sucessão ele vai ser sempre um perdedor. A única  maneira que eu consegui descobrir, utilizando a experiência própria, é exatamente essa: comprar, guardar e reinvestir.
Então, é isso aí que eu gostaria de dizer para todos. Vamos lá, vamos ver as perguntas aí.
Boa noite! Eu gostaria de perguntar ao Sr. Luiz Barsi como é então que ele faz a seleção dos papéis para compor essa carteira previdenciária. Uma vez que o senhor falou que não é baseado no Dividend Yield (DY), mas também, la no início, como é que o senhor separa?  Por que que o Banco do Brasil é bom? Por que Eternit é Bom? Pelo pagamento de dividendos somente ou tem alguma outra…
Luiz Barsi: Não, absolutamente, você tem um contexto todo a ser avaliado, não é isso?  Cada vez que você elege uma ação, você tem um cem números de fundamentos para  serrem observados. Eu estou citando ações de empresas que agente já formalizou todos esses fundamentos.
Cada empresa tem uma característica. Cada empresa participa de um cenário global de uma forma. Cada empresa tem uma forma de ser e essa é a análise que você deve desenvolver. Eu diria o seguinte,  eleger as empresas é produto de análises, é produto de pesquisas, é produto de avaliação . Então, você tem o que? Você tem  empresas que oferece a perspectiva de um bom dividendo. Então, uma das coisa que você pode dar início a análise é pela relação preço patrimônio (P/VPA) que é o que determina o nível de risco, você pode analisar em relação  ao Yield (DY). O Yield é uma coisa que se altera na razão direta de dois fatores, primeiro, da cotação, segundo, da distribuição dos resultados. Então, isso  é um acompanhamento que precisa ser feito e esse acompanhamento, evidentemente, nem todos, porque as pessoas trabalham tem seus afazeres, então a pessoa tem que confiar essa busca ao um profissional  que tenha competência para poder orientá-lo. Da mesma maneira que você  tem uma dor de barriga e vai ao médico e ele ter dar uma receita, você não vai estudar medicina para discutir com o médico o remédio que ele lhe deu. A mesma coisa é o profissional do mercado, ele vai falar para você, olha o momento é esse para você formar uma carteira de previdência porque a empresa vai lhe dar um dividendo que possa, evidentemente, competir com as demais opções do mercado e você vai acatar evidentemente.
Eu sempre mantive 50% em renda fixa, com baixa automática, com liquidez diária para aproveitar as oportunidades. E eu aproveitei a crise de 2008 e acabei comprando e migrando esse 50% para 90% em ações e 10% continuei em renda fixa esperando algumas oportunidades. Pelo que o senhor prega,  em relação a 100% em ações e renda fixa 0%, mas, no momento dessa crise deve agir, por exemplo, alocado 100% em ação, você venderia as ações que caíram muito? Como você consegue fazer a realocação da carteira se não tem, teoricamente, nada em renda fixa para poder aproveitar as pechinchas? E, também, emendando, qual a carteira ideal que o senhor considera boa? Hoje eu tenho 33 ações, é um número bom? Baixo? Razoável?
Luiz Barsi: Respondendo a sua pergunta eu diria o seguinte: a minha renda fixa são as ações, eu tenho esta dinâmica, esta visão e eu faço o seguinte, nem sempre, ao receber dividendos proveniente de uma aplicação  eu tenho disponibilidade de comprar as ações, mas acontece que esse dinheiro também não é uma batata quente que eu tenho que comprar correndo. Eu costumo qualificar o seguinte, universalmente, o mercado de ações é considerado como o mercado de risco, se  nós avaliarmos os mercados internacionais mais desenvolvidos, mercados que tem um universo de aplicadores muito superiores ao daqui do Brasil. Os Estados Unidos, por exemplo, o universo de aplicadores é em torno de são 85% da população tem ações. Então se você for avaliar essa forma de ser, você concluiria o seguinte,  o cidadão quando compra um determinado pastel, quando ele entra num determinado projeto, ele avalia o seu risco. Nesses países desenvolvidos, o cidadão que vai comprar uma ação ele perpetua todos os fundamentos e, após avaliar esses fundamentos, ele acaba concluindo que se o valor patrimonial dela é um dólar ele vou pagar U$ 10 porque ela tem um potencial desenvolvimento, ela tem um potencial de resultado, ela tem um histórico de resultados, ela tem um histórico de distribuições. Então você dimensionou, você definiu um risco. Isso que os países desenvolvidos define o mercado como um mercado de risco. Acontece que no Brasil muitas ações, muitas ações cotadas abaixo do patrimônio, então eu acho que o riso começa a produzir os seus efeitos a partir do momento em que você comprou uma ação acima do patrimônio. Então o mercado, como o mercado brasileiro de ações que tem uma gama de papéis, de bons papéis, diga-se de passagem, cotados abaixo ou muito abaixo do seu valor de patrimônio eu não considero que seja o mercado de risco, eu considero que seja um mercado de oportunidades. Então, diante disso, no momento em que você recebe um dividendo, se você tiver uma boa oportunidade, aplique! Se você não tiver uma boa oportunidade, espere! Porque essa oportunidade virá com certeza.
Ele quer fazer a carteira previdenciária e lhe pergunta: Qual seria uma ação, qual seria essa ação e por quê?  
Bom, existem várias, de vez em quando eu faço umas análises, umas as projeções e o que a gente mais pesquisa em termos de avaliação é o passado, o que foi constante no passado é provável no futuro. Então, por exemplo, hoje eu diria para vocês, fecha o olho,vende a tia e compra Cemig. Por quê? Só para vocês terem uma ideia, porque já tem um apanhado, uma retrospectiva. A Cemig pagou em 2007 r$ 4,98 de dividendos, em 2008 R$ 1,74, em 2009 ela pagou R$ 1,90 de dividendos, em 2010 ela pagou R$ 2,82 por ação de dividendos,  em 2011 ela pagou R$ 2,99, em 2012, entre dividendos e juros, ela para ela pagou r$ 3,77, em 2013 ela pagou R$ 1,42, em em 2014, que ainda não terminou, r$ 1,24.

Agora, o que aconteceu com a Cemig? A Cemig é uma empresa que sempre foi, depois da era Aécio Neves, muito bem administrada. A Cemig passou por alguns problemas de digestão ao mesmo tempo que passou por alguns problemas de base acionária. O Governo do Estado de Minas Gerais sempre sacrificou a Cemig de alguma maneira e o Aécio Neves quando entrou terminou que houvesse um aumento um pagamento de dividendos para o Estado porque o Estado devia para Cemig. Então a forma que se encontrou para possibilitar que o Estado devolvesse esses recursos para Cemig e completar essa dívida foi pagando o dividendo maior e ao mesmo tempo ficar com ele em troca da dívida.     

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