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Planilha Básica para Investimento em Ações

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terça-feira, 8 de março de 2016

Luiz Barsi, um Fora de Série

Um dos maiores investidores da Bovespa, Luiz Barsi Filho, neste vídeo depoimento publicado no programa “Foras de Série”, explica a importância do investimento a longo prazo em ações e como e porque se deve formar uma carteira previdenciária de longo prazo.
Paulistano, do bairro do Brás, Barsi tem a simplicidade e a disciplina como seus pilares para o sucesso.
Logo que começou a sobrar dinheiro, ainda jovem, passou a investir na Bolsa de Valores com a intenção de construir a sua própria previdência, com as ações de empresas sólidas e boas pagadoras de dividendos.
Deu muito certo!! Tanto que, meio século depois, ele é um dos maiores investidores do Brasil e principal acionista de pessoa física e de “gigantes” como Banco do Brasil, Klabin, Ultrapar e Eternit.
Hoje, além de estudar o mercado e gerir sua própria carteira de ações, Barsi ajuda outras pessoas a comprarem ações com a mesma fórmula que o transformou em um dos mitos do Mercado de Capitais.

Por isso ele é um... Fora de Série.


Eu sou uma pessoa que aprendi que investimento é um fator preponderante quando você direciona seus recursos. Lamentavelmente, neste país nós tivemos uma fase em que as autoridades tentaram e, de alguma foram, conseguiram cristalizar a mente do indivíduo, o aplicador - principalmente em relação à poupança - estimulando e induzindo, na realidade, em última análise, a praticar agiotagem, porque você emprestar dinheiro seja para o banco, seja aplicando na poupança você está praticando agiotagem e eu, desde a minha formação, sempre interpretei que é muito importante você participar do desenvolvimento da riqueza, da criação, da geração de riqueza e o que é que acontece? Para você poder participar desta filosofia é muito importante que você se integre no contexto que provoca o investimento nesse segmento.
Então esse segmento seria o que? Seria o investimento na empresa, em projetos... Só que você simplesmente não pode, em um país como o nosso e nos Estados Unidos também, investir no projeto pura e simplesmente. Você tem que se associar a esse projeto através do que?  Através da compra de ações, onde você tem a possibilidade de gradualmente se associar a esse projeto.
Eu, quando iniciei a minha participação no mercado, acreditava sincera e honestamente, que o segmento de ações lhe proporcionava a possibilidade comprar uma pequena ação ou uma ação por um preço barato porque aqui no país, lamentavelmente, eu não sei se lamentavelmente ou brilhantemente, as ações, as empresas não conseguem sensibilizar o aplicador, o investidor a ser um investidor. Até agora, por força de ingerência da bolsa, que estimula o indivíduo a especular. O que que o indivíduo faz? Ele quer o lucro rápido, ele quer o retorno do seu capital, que antes era em horas, agora é em segundos.  
Então, eu acho que o investimento ainda é o procedimento correto e, se você analisar bem, a forma em que você tem de participar de projetos nobres. O cidadão olha sempre de uma maneira procurando exercitar a condição de dono. Então, para vocês exercitar a condição do dono, evidentemente, você não pode participar de grandes projetos. Por exemplo, eu não tenho condições de montar uma empresa como a Petrobras, nem como Eletrobrás, nem como a Klabin e nem como a Suzano. Então o que que eu faço? Eu me associo em pequena escala e essa pequena escala que você vai devolvendo gradualmente, você, às vezes, acaba por conquistar uma parcela de participação que não é só uma definição do mercado de proporcionar a possibilidade de comprar uma ação barata. Às vezes você acaba comprando uma participação, embora pequena, barata.
A minha entrada no mercado de Mercado de Ações foi uma escolha, não foi por acaso, nem por acidente, foi pela opção mesmo. Eu sou economista e, na época, estudava direito e eu era, inclusive, um dos contratados para fazer a reforma administrativa da Prefeitura. Depois, fui contratado também pelo Dr. Roberto Stament [?] que, inclusive, é membro do conselho. Na época ele era diretor de uma autarquia chamada SAEC. A SAEC era Superintendência de Águas e Esgotos da Capital. E nós havíamos sido contratados, 5 ou 6 economistas, justamente para tentar compor o custo da água em São Paulo, uma coisa absolutamente impossível, que a gente acabou concluindo, porque não havia como você dar início a uma operação que pudesse concluir sobre um custo homogêneo, um custo justo. E, na ocasião, que era, se não me falha a memória, era o presidente do São Paulo, Laudo Natel, era o governador, havia um interesse, porque naquela ocasião, o cidadão pagava a água uma vez a cada seis meses, a conta de água vinha uma vez a cada seis meses. Então havia necessidade de se tentar aumentar a receita da SAEC, naquela ocasião. Então, a fórmula que nós encontramos foi o seguinte, sem aumentar o valor, nós fomos diminuindo o intervalo. Então, o que aconteceu? Em vez do cidadão pagar semestralmente, ele passou a pagar trimestralmente, depois veio bimestralmente e depois mensalmente, quer dizer, foi uma forma de aumentar 300 400% sem aumentar a parcela.
Então, não ocasião, eu senti que o meu perfil não era um perfil de estar atento, de estar submisso a uma estrutura como a estrutura do Estado. Você não tinha oportunidade, você não tinha a possibilidade de crescer com seu desempenho, com a sua capacidade e fui, então, para o mercado de valores. Na época, o mercado de valores era super insipiente, e a gente começou a fazer algumas análises, fazer movimentos até que em 1967 veio a regulamentação do Conselho Monetário Nacional. Com isso, criaram-se as sociedades corretoras, criou-se a bolsa de valores e a gente acabou, em sociedade com outros parceiros, comprando uma corretora de valores, comprando um título, na verdade, mas com esse título nós ficamos muito pouco tempo com ele porque o mercado sofreu uma evolução acima do desejado e acima do esperado também e nós acabamos negociando o título por um valor astronômico e foi uma das grandes coisas que a gente conseguiu fazer.
Em seguida, o mercado começou a entrar numa realidade, os recursos que eram disponíveis por conta do Decreto Lei nº 157/67 começaram a escassear, houve o ingresso de um volume de papéis muito grande.  Então, havia uma distorção, havia um desequilíbrio. De repente, o mercado recebeu um volume de recursos muito grande e quantidade de papeis era pequena e, então, os preços foram evoluindo de uma forma tal que acabou chegando até o momento de desespero para muitos. E, aí, o mercado, depois, passou por uma fase de ajuste de junho/julho de 71, 72 e 73. Em 74 e 75 começou equilibrar e eu venho participando desde então.
Quando operava no mercado, no início, eu não tinha, ainda, estabelecido essa essência de tentar se criar uma carteira de previdência. Essa iniciativa, essa vontade, essa necessidade até, eu diria, surgiu porque a gente fez uma série de análises e essas análises convergiam para o seguinte, o cidadão brasileiro, lamentavelmente, há 30, 40 anos ele se aposentava como um executivo e acabava virando indigente. Hoje ele já se aposenta direto como um indigente.
Então, a gente foi cultuando a ideia de que havia necessidade de você formatar um posicionamento previdenciário que fosse mais generoso que aquele que o Estado pudesse, eventualmente, te oferecer. O que eu fiz, deu certo. Eu comecei fazendo com poucos recursos. Agora, eu faço a mesma coisa com volume muito maior de recursos. Então, o efeito multiplicador, ele tem uma forma de se multiplicar muito mais intensa do que antigamente, essa que é a realidade. Então, eu continuo fazendo a mesma coisa, eu continuo cultuando a compra como um investimento. 
Não vou falar que eu só ganhei, teve momentos em que tive ações de empresas que, por teimosia de não vender, apesar de ter boatos, informações…, eu acabei me prejudicando e perdendo o posicionamento em ações que tinha naquelas empresas. Então, por exemplo, eu tinha 10% de um banco chamado de Banco do Progresso, eu tive ações do Banco Nacional, que também sofreu intervenção do Banco Central, tive ações do Banco Econômico, mas, foram perdas suportáveis exatamente pelo fato de você não ter colocado todos os ovos na mesma cesta. Então, houve uma perda, mas foi uma pena suportável. E, o que aconteceu? Aquela pedra acabou sendo assim suplantada exatamente pela convicção que a gente tinha de continuar desenvolvendo mesmo projeto que a gente desenvolveu no início da nossa atividade.

4 comentários:

  1. Vc que esta transcrevendo as entrevistas?

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    1. Sim, caro Uorrem, eu transcrevi.
      Achei o conteúdo do vídeo muito valioso e achei que valeria a pena a transcrição.
      Não tenho experiência nesse tipo de trabalho e, por isso, peço desculpas por alguma falha.
      Grande abraço.

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  2. Obrigado pela série com o Luiz Barsi.

    Os três ultimos posts de grande valia.

    abs!!!

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